sexta-feira, 18 de maio de 2012

ALIMENTO DE PÍULA


Dia de sábado, dia de feira, dez horas da manhã, hora de maior pique. Edgard despacha no balção do estabelecimento comercial de seu irmão Milton Cirilo, onde há um grande movimento da freguesia. Chega no balção um rapazola, moreno escuro, cabelos encarapinhados castanhos claros, olhos claros e esverdeados, o tipo característico do habitante do Talhado, e pede: "quero alimento de píula".
Edgar pára um pouco, estranhando o pedido. Como, porém, é uma pessoa inteligente e argula, logo entendeu o que ele queria e pergunta:
- Da grande ou da média?
- Da grande.
Edgar entrega um par de elementos Ray O Vac, da amarelinha, que o rapaz pega, paga e sai feliz da vida.
Mário Ferreira de Medeiros - Almanaque do Quipauá (Setembro 2008).
Ilustação e montagem: Francisco Roberto Ferreira

DE JAPONESAS PARA HAVAIANAS

 

 

DE JAPONESAS PARA HAVAIANAS
Antigamente as sandálias eram feitas artesanalmente com couro cru ou solado de pneu. Depois passaram pelo processo de evolução da alpercata para as "japonesas".
Desde que me entendo de gente que uso sandálias japonesas como era conhecida aqui na região. Antigamente sandália de pobre. Hoje de todos.
Segundo o jornal "Der Tagesspigel" (Alemanha), com uma havaiana eu posso andar 2500 kilômetros sem detona-las, sem perder sua capacidade de evitar escorregões e permanecer à prova d'água. Só mesmo os alemães que adoram estatistícas. O importante é ter controle sobre tudo.
Certa vez Sylvia Cessarino me contou que a primeira pessoa a trazer sandálias japonesas para vender em Santa Luzia foi o seu pai Antônio Cessarino durante os primeiros anos da década de 50.
No ano de 1952 Antônio Cessarino comprou em Campina Grande sandálias havaianas importadas do Japão e as vendia no varejo pela região do Quipauá.
Um "causo" interessante que me contaram também foi sobre Jose Alviano da Nóbrega (Dudé de Pinino), que juntou dinheiro e comprou um par. Só tirava dos pés à noite pra dormir. Após lavá-las colocava em cima do rádio (Canarinho, a voz de ouro), que era o móvel mais chique da casa. E aí de daquele que tivesse o atrevimento de pega-las e muito menos calçá-las.
Leonardo Cézar Ferreira